28.4.09

Cidade Calimero

Chama-se VEIL e é um veículo eléctrico (isento de licença de condução), produzido por uma equipa de investigação do Instituto Superior de Engenharia de Coimbra. No próximo dia 15 de Maio, estará em exposição na Noruega, na maior conferência mundial de veículos eléctricos, lado a lado com tonitruantes marcas automóveis como a Renault ou a Audi. E nós por cá, na não menos tonitruante cidade dos estudantes, temos boas razões para ficar satisfeitos.

De entre as eméritas tradições coimbrãs, o amor próprio não é, infelizmente, a que mais se tem destacado. Pelo menos nos últimos anos. Mas acredito que sublinhar este tipo de iniciativas é um passo sensível para que a cidade se comece a dar, verdadeiramente, ao respeito. E para que se respeitem, já agora, os que - como os investigadores do projecto VEIL - são, propriamente, protagonistas da cidade. Correndo o risco de ruborescer algumas luminárias, não creio que o nosso “star system” deva continuar cingido a meia dúzia de “figuras”. À mesma meia dúzia de “repetentes figuras”.

Mas isto de a cidade se dar ao respeito tem muito que se lhe diga.

Ao invés de puxar por Coimbra, de a impor pelo seu mérito, há uma caudalosa corrente que prefere dirigir-se a nós, e ao país, num pranto melífluo. É a caudalosa, e sufocante, corrente que atribui à maldade humana todas as adversidades coimbrãs e pressupõe, assim, uma inelutável condenação da cidade. Falando com clareza, talvez fosse melhor que, em cada ociosa aventura por esses caminhos, o dr. Encarnação contasse de cinquenta em reverso e, muito provectamente, como é seu timbre, revertesse o guião. Era francamente melhor que nos proclamasse nas vitórias. E que deixasse, rapidamente, de nos embaraçar nas derrotas. Sendo mais claro ainda, Coimbra precisa de quem lhe resolva os problemas, não de quem, lamuriosamente, lhos enuncie.

De outro modo, Coimbra continuará a ser uma cidade Calimero. Uma cidade triste e cinzenta, de braços caídos, ante a injustiça e os infortúnios do mundo.

Hoje, no JN.

23.4.09

Armadilha das aparências...


"O tipo desce na estação de metro vestindo jeans, t-shirt e boné, encosta-se próximo à entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que passa por ali, bem na hora rush matinal.

Durante os 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado pelos traseuntes. Ninguém sabia, mas o músico era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento raríssimo, um Stradivarius de 1713, estimado em mais de 3 milhões de dólares.

Alguns dias antes Bell tinha tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares custam a 'bagatela' de 1000 dólares. A experiência, gravada em ví­deo, mostra homens e mulheres de andar rápido, copo de café na mão, telemóvel ao ouvido, crachá balançando no pescoço, indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte. Conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.

Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefato de luxo sem etiqueta de glamour. Somente uma mulher reconheceu a música...

O vídeo da apresentação no metro está no You Tube em:
Roubado da web

21.4.09

Perfil (Uma questão de)


A proximidade de eleições autárquicas vem apimentando a actualidade coimbrã, semeando ansiedades e convidando a uma certa atmosfera de palpite que, com franqueza, nem me incomoda. São conhecidas as virtualidades do binómio “tentativa e erro”, mesmo no domínio da investigação científica e não vejo nenhuma razão para que alguma especulação não se aproveite desse saber, aliás, de experiência feito. Desde que não signifique o seu completo abandono às arbitrariedades da sorte, eis uma forma tão prestável como qualquer outra - digo, mais prestável do que algumas outras - de, falemos com clareza, desvendar a identidade do próximo candidato socialista à câmara de Coimbra.

Esta, por vezes furiosa, demanda é a missão natural - inquestionável - da comunicação social e a curiosidade que, na opinião pública, lhe corresponde, é própria de quem se interessa pela vida da cidade, sobretudo por um prenúncio de mudança, o que é inteiramente legítimo e compreensível. Cabe ao partido socialista respeitar estas incontornáveis circunstâncias, conformar-se a elas, por um lado; mas, por outro, prosseguir inabalável na concretização de uma estratégia que, para os menos atentos, já está no terreno.

Sucede que, a meu ver, a comoção dos conimbricenses, neste processo, não depende muito do nome que o PS venha a escolher para seu candidato â câmara municipal de Coimbra. Mais importante, para o efeito, é a identidade do programa que ele apresente à cidade e a promessa de um tempo novo que saiba, ou não, interpretar.

Nós, conimbricenses, procuramos quem assuma, muito claramente, o compromisso de gerar emprego, fixar a juventude, sobressaltar a cultura e reclamar o respeito do país. Creio ser isso que fará, para muitos de nós, a diferença. Num regime decente, o perfil de um candidato mede-se pelas suas propostas, não pela curvatura do nariz.

Bem sei que a própria ideia de campanha não se dissocia de um candidato, das suas habilidades retóricas, irremediavelmente, por vezes, do seu aprumo e da sua respeitável figura. Mas não creio, definitivamente não creio, que uma ideia própria de cidade se possa fundar nas frivolidades do verniz. Imagine-se Coimbra sequestrada pela acetona, uma burlesca espada de Dâmocles.

Hoje, no JN.

20.4.09

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"Num regime decente, o perfil de um candidato mede-se pelas suas propostas, não pela curvatura do nariz."

17.4.09

O piano foi aberto. Haja quem o toque


Para que conste, publico, abaixo, intervenção minha, na apresentação d'"O homem que abria o piano", expurgada de algumas notas pessoais e dedicatórias que são, naturalmente, irrepetíveis.

Agradeço a presença de todos os que me acompanharam.

Hoje é, como imaginam, um dia importante para mim. Mais tarde ou mais cedo, há passos que têm que ser dados. Com responsabilidade, reflectidamente, mas acredito também que colocando o coração à frente da razão, assumindo alguma dose de loucura e sem perder a capacidade de sonhar.

Não me refiro, ao contrário do que possam pensar, à concreta publicação deste livro. O livro - este “O homem que abria o piano” - é apenas a arma do crime. O meu delito, neste caso, é mais a afirmação das ideias, é mais a expressão livre do que penso sobre a minha cidade, assumindo as dúvidas, arriscando o erro, podendo, aqui e ali, ser injusto ou precipitado, mas dando um passo em frente, recusando sempre - ou pelo menos, questionando - os lugares comuns, os falsos consensos, o conforto do politicamente correcto.

Acredito que o mundo não avança, e que Coimbra não avançará, deixando-se arrastar pelos ventos de feição. Deixando-se flutuar ao sabor da corrente do Mondego. É na contracorrente que o futuro, verdadeiramente se cumpre. Na insatisfação. Na afirmação da liberdade. Também - ou sobretudo - na liberdade de pensar diferente. E esse é, mais do que a publicação do livro - o crime que tenho para vos confessar.
Mas há outro crime que cometo hoje, mais directamente relacionado com a publicação deste “O homem que abria o piano”. É o crime da vaidade. Não posso esconder que me envaidece chegar ao dia de hoje e que há uma parte de mim que espera merecer o vosso reconhecimento e o reconhecimento daqueles que se venham a cruzar com “O homem que abria o piano”. Uma publicação - o acto de tornar público o que fazemos - tem sempre associada alguma vaidade.

Mas também não creio que estes textos cumprissem integralmente a sua função, fechados numa gaveta, ou perdidos no decurso implacável do tempo. Há uma afirmação de cidadania neste textos e essa afirmação ganha densidade no confronto com outras perspectivas, deve sujeitar-se ao escrutínio, à discussão e à crítica, deve ser iluminada pela experiência de cada um, até porque, bem vistas as coisas, este livro não é só sobre Coimbra. Também noutras cidades, um pouco por todo o país, há homens que abrem o piano. Muito aplaudidos. E nem sempre com acerto.

“O homem que abria o piano”, que é também o nome de uma das crónicas, foi um assistente da Orquestra Gulbenkian a quem coube a tarefa de abrir a cauda de um piano, preparando-o para o início de um concerto que teve lugar há tempos em Coimbra. Eu e quase todos os presentes na assistência, aplaudimo-lo, muito entusiasticamente, como se de um artista se tratasse. E só depois, percebendo que não era assim, dei por mim a pensar na armadilha das aparências.

Dei por mim a pensar na facilidade com que nos deixamos enganar pelos fatos vincados, pelas encenações e pelo contágio das massas. Dei por mim a pensar que vivemos, frequentemente, iludidos pela forma e distraídos da substância. Não só na apreciação que fazemos dos outros. Mas também na maneira como, por vezes, nos levamos demasiado a sério e nos embalamos pelos aplausos, nos convencemos de predestinações para que, de facto, não estamos talhados.

Este livro é, num certo sentido, um esforço de desmistificação e um tentativa de avançar um pouco mais, na apreciação de episódios e protagonistas diários.

Mas quero também dizer, muito claramente, duas coisas.

A primeira é que estes textos, agora reunidos num pequeno livro, não se esgotam, nem têm origem, numa agenda politico-partidária. Não são uma arma de arremesso e, podendo parecer o contrário, não têm como único objecto de crítica, aqueles que não partilham da minha filiação partidária. Estes textos, lidos atentamente, querem reflectir sobre uma realidade mais abrangente, a que aqueles que me estão próximos também não escapam.

Todos os partidos, todos os movimentos cívicos, como todas as empresas e todas as famílias têm homens que abrem o piano, homens que tocam o piano e, talvez em maior número, homens que carregam o piano. E não estou certo da importância relativa de cada um, seja em que organização for.

Mas a segunda coisa que quero dizer é que, pretendo estes textos ter uma moral, não pretendem de todo moralizar. Muito menos pretendem colocar o autor, à margem de críticas, sobranceiramente sentado, julgando o mundo a partir da estratosfera.

Este autor que se apresenta perante vós, tem bem consciência de que foi, ao longo dos últimos anos, cúmplice de um sistema político-partidário - se quisermos falar com clareza - cheio de aporias, de inconsistências e vulnerabilidades. Não me esqueço de que sou militante do partido socialista há 10 anos e que ocupo, nesse âmbito, e noutros, funções de alguma responsabilidade.

Tenho a certeza de que muitas vezes terei errado nas apreciações que fiz e que nem sempre terei tomado as melhores decisões. Mas creiam que, em cada momento, tentei pesar todas as circunstâncias, também aqui, separando as aparências da substância, tentando ser justo, solidário, leal e íntegro, e concedam que, algumas vezes, terei acertado.

É o medo de sermos julgados que, as mais das vezes, nos impede de julgar os outros. Julgá-los não num sentido punitivo, mas do ponto de vista da análise. Sobretudo na vida política onde, menos ainda do que no seu habitat natural, rareia a presunção da inocência.

Quero dizer que assumo as minhas liberdades, mas também assumo as minhas responsabilidades.
(…)

Dr. António Arnaut,

Ando há uns meses para lhe tentar agradecer a forma generosa como se disponibilizou para prefaciar este livro. Bem saberá que o tentei fazer, mas sempre que a conversa se encaminhou nesse sentido, o Dr. António Arnaut encontrou a melhor forma de, muito elegantemente, me impedir. Não quis nunca que me alongasse em penhores, elogios, honrarias e reconhecimentos. Percebo e isso só aumenta a minha admiração por si. Mas compreenderá, e compreenderão os presentes, que me aproveite desta circunstância, para me alongar um pouco mais no que tenho para lhe dizer.

Saberá, com certeza, que não apenas eu - muitos jovens, e muitos cidadãos, nesta cidade e neste país - o vêem como uma referência. Quero prestar-lhe homenagem, dizendo apenas que a sua voz, as suas palavras, são uma fonte de inspiração e nos fazem continuar a acreditar numa democracia justa, esclarecida, solidária, igualitária e fraterna. E quero agradecer-lhe por se manter, inapelavelmente, um homem de esquerda, progressista e tolerante, um homem dos valores, resistindo, porém, a ser uma caricatura da esquerda.

Fique sabendo que não tenho palavras para descrever o orgulho que sinto por esta sua “Questão Coimbrã” e que tentarei, não estando certo de que consiga, estar à altura dessa responsabilidade.
(…)

16.4.09

Uma cidade a bold


Quando vejo maquinaria pesada a estender alcatrão pelas ruas, uns meses antes das eleições, há uma parte de mim que aplaude e há outra que se envergonha. Pode até ser que uma convergência rara de circunstâncias, uma coincidência, tenha aprazado a empreitada para um tempo tão fecundo. Mas não me sai da cabeça a hipótese de alguém se ter posto a empreender sobre a vulnerabilidade do povo a umas baldadas de massa preta. O que, aliás, dá uma bela imagem do enegrecimento a que a democracia vai sendo sujeita.

A verdade é que, no distinto critério de alguns, não há buraco nem rombo que o alcatrão não resolva. O que, sendo de alguma rudeza, nem por isso deixa de inspirar vultuosas figuras do regime.

É curioso observar que são poucos, muito poucos, os políticos que se mantêm ao abrigo das piores tentações democráticas. E que são muitos, mesmo no seio de alguma fidalguia, os que não resistem ao populismo raso, na hora fatídica de contabilizar mais uns votos. Coimbra e o Marco de Canaveses cruzam-se, mais vezes do que parece, nas encruzilhadas do regime.

Sobre as ruas da minha cidade, um manto negro vai sendo estendido, semana após semana. E, sobre todas as coisas, o alcatrão acabará, de novo, por se impor. Coimbra será, pois, asfaltada, criteriosamente asfaltada, para que, na volta do correio, uma passadeira vermelha se estenda, aos mesmos pés de sempre. Sendo trágico como em sucessivos mandatos se ensaiam doutrinas sobre o progresso “estrutural” da cidade, para, à beira de eleições, todas as teses se convolarem numa ânsia repartida entre uma dúzia de tabernas e um par de empreitadas menores.

Em Coimbra, os caminhos estarão sempre impecáveis, ainda que ninguém saiba onde nos levam. É uma concepção cosmética da política, como há dias bem lembrava uma conhecida organização de juventude. É uma cidade bipolar, emocionalmente fragmentada, cujos humores oscilam numa cadência pueril, entre a excitação e uma tremenda nostalgia. Como o alcatrão, que sempre se derrete.
Quando, enfim, as eleições chegarem, Coimbra será, toda ela, uma cidade a bold. O que, dependendo dos juízos, traduzirá a sua, ora destacada, ora enlutada, existência.
Hoje, no JN.

14.4.09

Entrevista


"Coimbra não está no mapa da cultura"

Paulo Valério tem 28 anos e ânsia de ver Coimbra mudar. Em "O Homem que Abria o Piano", livro de crónicas publicadas no JN, declara guerra às aparências

Só nos preocupamos com as pessoas de quem gostamos. Com as cidades é igual. Assim crê o adjunto do governador civil de Coimbra, Paulo Valério, que acaba de reunir, em livro, uma série de crónicas, sobre a cidade, publicadas no JN.


Tem 28 anos e custa-lhe que Coimbra seja "uma terra das oportunidades perdidas": não cria emprego, não fixa os jovens, não se afirma culturalmente. A obra é apresentada, esta quinta-feira, no Café Santa Cruz, em Coimbra. Chama-se "O Homem que Abria o Piano".


Assume este livro como uma "extravagância". Porquê?

Achei que era um testemunho que devia deixar. Talvez para fechar um ciclo de quatro anos a trabalhar muito próximo da actividade política, em Coimbra. Todos os textos são datados, mas pretendem ter uma moral. Isso tem muito a ver com o título do livro…

…"O Homem que Abria o Piano". De onde vem este nome?

É o nome de uma das crónicas. Foi escrita depois de um concerto a que assisti, no Teatro Académico Gil Vicente, em que um assistente de orquestra entrou no palco, para abrir o piano, e toda a gente o aplaudiu como se ele fosse o artista. Às tantas, dei por mim a pensar que as aparências nos iludem com muita facilidade. Na política, como na sociedade em geral, valoriza-se a forma e nem sempre a substância. Essa moral perpassa por tudo o que está escrito.

Quer especificar?

Estamos numa sociedade demasiado fragmentária, que vive no imediato e pára pouco para pensar. Isso reflecte-se no perfil dos protagonistas políticos.

Há muitos homens que abrem o piano em Coimbra?

Alguns.


Onde? No Executivo municipal?


Também. O mandato do actual Executivo está muito marcado por um jogo de aparências, por uma certa bricolage que se fez na cidade, que passa pelos centros comerciais, pelas rotundas enfeitadas… Mas há problemas persistentes que não foram resolvidos.

Que problemas são esses?


Coimbra é uma das cidades onde é mais difícil encontrar emprego. Coimbra é, dizia um estudo recente, a cidade menos jovem do país. Estes dados são preocupantes. Coimbra tinha todas as condições para ser uma terra de oportunidades, mas acaba por ser uma terra de oportunidades perdidas.

O que há a fazer para fixar jovens?


O factor principal é dar-lhes emprego. Há muitas pessoas que cresceram comigo - e hoje estão fora da cidade - que têm a mesma opinião: se Coimbra lhes tivesse dado oportunidade de ficar, teriam ficado.

Que mais continua por resolver?


Coimbra tem, claramente, o desafio da sua afirmação cultural.

Subscreveu o manifesto dos "Amigos da Cultura" [grupo de cidadãos que se insurgiu contra a política cultural da Câmara]?

Não, mas observei esse episódio com muita atenção. É um sinal de que a cidade tem uma enorme massa crítica do ponto de vista cultural, que olha com alguma tristeza para a forma como a cultura tem sido tratada. Aliás, tem havido uma tentativa de alimentar na cidade uma guerra entre a chamada cultura erudita e a cultura popular. E essa estratégia faz com que as pessoas se distraiam. Coimbra tem vantagens muito interessantes. O Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, o Museu Nacional Machado de Castro, a Universidade… Há um conjunto de símbolos culturais que tornam a cidade incontornável. Simplesmente, não podemos viver à sombra disso. Coimbra não está no mapa dos roteiros culturais. E devia estar.

Nas crónicas nota-se uma espécie de amor/ódio em relação à cidade…

Nós só nos preocupamos com as pessoas de quem gostamos. Com os lugares é igual. O facto de eu gostar muito da minha cidade e acreditar que tem muitas potencialidades faz-me meter o dedo na ferida de uma maneira que, para alguns, pode parecer incompreensível. Esse amor/ódio tem a ver com isso. Mas é muito mais amor do que ódio (sorriso)!


Entrevista, JN, 2009.04.14, Carina Fonseca

13.4.09

Preview


Quando vejo maquinaria pesada a estender alcatrão pelas ruas, uns meses antes das eleições, há uma parte de mim que aplaude e há outra que se envergonha. Pode até ser que uma convergência rara de circunstâncias, uma coincidência, tenha aprazado a empreitada para um tempo tão fecundo. Mas não me sai da cabeça a hipótese de alguém se ter posto a empreender sobre a vulnerabilidade do povo a umas baldadas de massa preta. O que, aliás, dá uma bela imagem do enegrecimento a que a democracia vai sendo sujeita.