Serei só eu ou haverá mais quem sinta que a Universidade de Coimbra (UC), de repente, desatou a inventar coisas e a ser distinguida por isso?
“Uma Universidade com cientistas papa-prémios”, eis a expressão que encimava uma peça recente sobre o assunto. Ele foi o Prémio Pulido Valente 2011, atribuído ao jovem investigador Sandro Alves; ele foi a seringa a laser que arrebatou o Photonics West 2012; ele foi o prémio México Ciência, arrematado pelo veterano Boaventura de Sousa Santos, entre várias outras distinções. De um momento para o outro, foi como se os investigadores da UC se tivessem untado com um balde de kryptonite, tornando-se imunes à competição com os seus homólogos, pelo mundo fora. Eu prefiro acreditar que a excelência, por um lado e a comunicação institucional, por outro, se têm conjugado acertadamente. E isso só podem ser boas notícias.
Combater a ideia – justa ou injusta, não interessa ao caso – de uma universidade atávica e fechada sobre si, deve ser uma prioridade. E eu suspeito, com satisfação, que a UC está a saber interpretar bem essa prioridade.
Sem apropriações bacocas, acrescente-se, começa-se a instalar a convicção de que a UC está a fazer da melhor investigação científica que há no mundo. E com isso beneficiarão, quer a instituição, quer os investigadores, quer mesmo a cidade, se souber (e quiser) romper com velhas poeiras.
Admito que a aparição dos “papa-prémios” possa ser injusta para a boa investigação que, certamente, já se fazia na UC. Mas pensar no presente e no futuro é a redenção necessária para uma Universidade que já não tem tempo a perder.