Há pessoas que, não nos sendo íntimas, se cruzaram connosco, desde sempre. E, nessa medida, acabam quase por sê-lo. O Maestro Virgílio Caseiro é, para mim, uma dessas pessoas.
A primeira memória que tenho dele está ligada ao facto de ter sido professor de música de um dos meus melhores amigos, éramos alunos do Colégio S. José, na Conchada, mesmo à beira da que – julgo – seria a casa do Maestro (não o sendo já, isso é certo, e explicarei adiante porquê). Estávamos em meados da década de 80 e o meu amigo, hoje doutorado nas medicinas, deu ali os primeiros passos rumo ao velhinho conservatório, ainda na alta coimbrã.
Lembro-me, depois, de o Maestro Virgílio ser tema recorrente nas conversas de outros amigos, seus alunos no curso de Educação Musical da Escola Superior de Educação de Coimbra. Sempre como uma personalidade singular, admirada, incontornável músico e pedagogo.
Mais tarde, por circunstâncias várias, passámo-nos a encontrar “sob a batuta” da dra. Emília Martins, a incansável directora da Orquestra Cássica do Centro. Sucedendo também, de há tempos a esta parte, sermos vizinhos, o que que explica a certeza de que, pelo menos actualmente, o Maestro não reside na Conchada.
Ora, escrevo este texto no dia da Cidade de Coimbra, breves horas antes da homenagem que o Município lhe prestará. E ocorre-me dizer que este conjunto de episódios, dizendo pouco sobre mim, dizem tudo sobre o Maestro.
Eu sou um dos muitos que, em Coimbra, viram as suas vidas cruzadas, directa ou indirectamente, pela presença do Maestro. Ele é, verdadeiramente, um eixo na vida da cidade e na própria biografia dos conimbricenses. À míngua de referências, isso, só por si, justificaria o tributo.