Existem duas condições para apanhar um avião: ter um bilhete válido e estar no
check-in à hora marcada, por esta ordem. Assim fosse a vida política e, por falta de pontualidade, não faltariam candidatos. Os tempos que nos chegam dirão bem de como, junto às baias, de malas aviadas, se acumulam pretendentes à exótica cadeira do poder, na praça 8 de Maio.
Fascina-me, no entanto, que a grande política desafie as regras da vida comum. Ao que me dizem os entendidos, em política faz-se o
check-in primeiro e marca-se a viagem depois. Daí, talvez, que muitos programas pareçam forjados numa
duty free shop. Aquelas lojas onde compramos coisas sem grande utilidade, a preço de ocasião.
Eu, por mim, preferia que os interessados no próximo voo para a presidência do câmara de Coimbra reservassem espaço na mala para duas ou três encomendas deste patrício que, seguramente, ficará em terra.
Primeiro, que explicassem ao actual executivo municipal que não é admissível a cidade continuar a perder população, empresas e emprego, de tal forma que, a prazo, possa tornar-se difícil distinguir Coimbra de Conímbriga.
Em contrapartida, seria importante que levassem um par de ideias, ponderadas e orçamentadas, susceptíveis de inverter a tendência no prazo máximo de 10 anos. Pronunciar com ar grave e olhos no horizonte as expressões "i-parque" e "capital da saúde" não conta.
Por fim e se não for incómodo, gostaria que se abstivessem de levar na mala líquidos suspeitos, canivetes suiços ou coisas ainda mais graves, que comprometam as regras de segurança (concedo nos postais de natal). Coisas minhas, mas agrada-me que sejamos vistos como pessoas de bem.
Hoje, no Diário "As Beiras"