Há um tempo atrás, neste mesmo espaço, pronunciei-me sobre a saída da professora Helena Freitas da liderança da bancada municipal do PS em Coimbra. Fi-lo, sobretudo, por duas razões. Porque importava valorizar e reconhecer o trabalho que vinha desenvolvendo, em representação do Partido Socialista e na defesa dos superiores interesses de Coimbra; e porque me pareceu relevante, à data, sublinhar a necessidade de ponderar, devidamente, a sua substituição no lugar. Um partido como o PS não deve contentar-se com menos do que os melhores para, em seu nome, o representarem e transportarem a sua palavra, junto dos eleitores. Não estou arrependido de o ter feito.
Hoje, certamente sem que nenhuma relevância tenha tido o que escrevi naquela altura, observo que ao lugar anteriormente ocupado pela professora Helena Freitas chega, agora, o meu camarada Luis Marinho. Ponderadamente – e bem – o PS soube resistir à tentação de optar, naquela sede, em nome de quaisquer interesses que não fossem o de se ver bem representado e de se prestigiar, assim, junto da opinião pública. É falacioso, para dizer melhor, é errado e perverso, que se diga que todos os deputados municipais poderiam representar, igualmente, o colectivo. A cada um de acordo com as suas necessidades, a cada um de acordo com as suas capacidades, creio ser uma boa filosofia.
Agora, para que o ciclo virtuoso se mantenha e renove, bastará apenas que o eleito saiba – como decerto saberá – honrar os seus pares e defender com a inteligência, brilho e desassombro que lhe são reconhecidos, os interesses de Coimbra e as bandeiras do PS, em homenagem à democracia que a Assembleia Municipal, enquanto órgão autárquico de superior relevância, deverá reclamar, a cada momento.
Haverá, certamente, quem estranhe estas minhas palavras, por não as considerar, talvez, consentâneas com as divergências políticas que, na vida interna do PS e em certos momentos, mantive com o agora líder da bancada municipal do PS em Coimbra. A esses quero adiantar que me preocupa ser consentâneo, sobretudo, com aquilo em que acredito. E que me importa ser coerente, retirando consequências, de tudo o que vou escrevendo.
Acho que o país e a cidade de Coimbra estão demasiado cansados de quem não consegue ver para além de pequenas - tantas vezes mesquinhas - querelas partidárias. Fartos, talvez, de quem só consiga observar a realidade quando filtrada pelas suas particulares contingências e singulares aspirações.
No meio do ruído das coisas.
Há um ano