Cumprem-se os últimos dias de campanha na federação distrital do PS Coimbra. Por esta altura, vale a pena lamentar algumas perdas de estribeiras, mas sublinhe-se, em especial, a normalidade dos meses que passaram. Para tal terá contribuído, é certo que em doses diferentes, a urbanidade de alguns, mas também a simples, prosaica mesmo, cautela de outros. Diferentemente do que sucedeu há dois anos, e usando uma metáfora recente, são já poucos os que arriscam praguejar contra uma ventoinha.
Talvez por isso, é possível observar que, hoje, as manifestações dos militantes se dividem, cada vez mais, entre dois registos: um afirmativo e um outro - vagamente contrariado. Num certo sentido, às manifestações de apoio a Mário Ruivo, contrapõem-se agora os, digamos, apenas subscritores da candidatura de Baptista. E alguns destes, “ilustres” sobretudo, adoptam aos poucos um discurso auto-justificativo, como que sugerindo, entre dentes, a inevitabilidade, quase metafísica, da posição que tomaram. Ele é a “crise”, ele é a “lealdade”, ele é uma muito própria concepção de “solidariedade”, que já me entristeceu e que agora apenas me diverte. No meio disto tudo, está bom de ver o que está, afinal, à vista de todos: cheira a fim de regime, para os lados da Oliveira Matos.
Estou absolutamente convencido da eleição de Mário Ruivo, no próximo dia 9 de Outubro. E já nem me perderei a enunciar as razões do meu apoio, todas amplamente expendidas, no decurso dos últimos dois anos. Diferentemente, apetece-me pensar no próximo dia 10 de Outubro, primeiro dia do seu primeiro mandato, como presidente da federação do Partido Socialista de Coimbra. Precisasse ele do meu conselho – que não precisa! – dir-lhe-ia apenas que esse será o dia em que os militantes do PS reconhecerão a probidade do seu percurso, a firmeza do seu carácter e o mérito das suas ideias. Mas que, daí em diante, será posto à prova, como nunca no passado.
Há um partido para organizar e colocar ao serviço das secções e dos militantes, com transparência. Há um programa político para afirmar, na vanguarda das Políticas Locais, mas também na defesa do Estado Democrático e Social em Portugal. Há para erigir, quase dos escombros, uma nova relação de confiança com os eleitores do Distrito. E, como se não bastasse, há para resgatar a própria imagem de Coimbra, que alguns reduziram à dimensão paroquial que é, diga-se afinal, a dimensão dos seus próprios, e estreitos, horizontes.