21.7.11

Dia da Federação de Coimbra | Unidos na Acção

Estamos quase a terminar a campanha que elegerá o próximo Secretário-geral do PS.

Independentemente do resultado, sairá vitorioso o Partido, já que ao longo dos últimos meses se debateram IDEIAS e se procurou elevar a POLÍTICA, no campo ideológico da esquerda democrática. É desta forma que interpreto a intervenção de TODOS os camaradas da Federação de Coimbra, apoiantes de um e de outro candidato que participaram, com entusiasmo, com empenho e com sentido de militância, nesta campanha.

Aos que, ao meu lado, se irmanam na ambição de ver eleito o Francisco Assis Secretário-geral do PS, agradeço o espírito combativo e a generosidade próprios de quem se move em nome daquilo em que acredita.

Aos que, por seu turno, estão ao lado do António José Seguro – vários amigos de hoje e de sempre – dirijo uma mensagem de grande respeito democrático.

A 22 e 23 de Julho, os militantes do PS, em liberdade e consciência, serão soberanos na sua decisão. E no Domingo, dia 24 de Julho, despertará UM NOVO PS, UM SÓ PS, plural e solidário no modo como acolhe a divergência de opiniões, mas UNIDO NA ACÇÃO contra a Direita, em nome e ao lado das Pessoas.

Apelo por isso, em meu nome pessoal, à participação de todos na comemoração do Dia da Federação de Coimbra, exactamente no Domingo, 24 de Julho, em Maiorca. Com a nossa presença, daremos simbolicamente um sinal de cultura e maturidade democráticas. Na certeza de que o tempo é de combate e de que TODOS OS SOCIALISTAS serão poucos para o que aí vem.

12.6.11

Porque apoio Francisco Assis?


Sou socialista. Hoje, como ontem. Não mais, não menos do que em Fevereiro de 2005, quando o PS conquistou a primeira maioria absoluta da sua História. Não mais, não menos do que no passado dia 5 de Junho, quando os cidadãos eleitores afastaram o PS do Governo, com uma votação que a todos deve fazer pensar. Parar para pensar.

Mas ganhar e perder, num regime democrático, é coisa natural e ambas devem ser encaradas como manifestações livres do povo, aptas a conduzir, cada qual do seu modo, à reflexão, à construção, a uma aprendizagem cívica.

Sou socialista. E comprendo que os cidadãos, depois de nos terem depositado a confiança de uma maioria absoluta em 2005, no-la tenham retirado, seis anos depois. Terão, certamente, as suas razões - o facto de termos cometidos erros, todos nós socialistas, será uma razão de monta. Mas a derrota do último dia 5 de Junho não me retirou a convicção de que tinhamos o melhor programa de Governo para o País, sobretudo se em contraste com a cartilha ultra-liberal que a maioria de Direita se prepara para pôr em prática. As convições, quando são convicções, resistem à espuma dos dias.

Sou socialista. E sei que ao longo dos próximos anos teremos um Governo de Direita que será incansável a demonstrar ao País que os socialistas – os socialistas todos – são responsáveis pelos males do Pátria. De ponta a ponta, nas Finanças Públicas e na Educação, na Saúde e na Economia, na Administração Interna e na Agricultura, o Dr.Portas e o Dr.Passos Coelho estarão empolgados em pintar os últimos seis anos de Governação Socialista como os mais negros da democracia nacional. Sou socialista. E, neste cenário, caberá aos socialistas assumir os erros cometidos, com humildade, mas também demonstrar, de modo combativo, que o país se desenvolveu – e muito – pelas mãos de todos nós. É minha convicção de que o caminho contrário – o de encolher os ombros sobre o passado, procurando que ele se esfume num apagão mediático – não será caminho nenhum, será um atalho.

Por isto mesmo, nas eleições para Secretário-Geral do nosso Partido que se aproximam, apoiarei o camarada Francisco Assis.

E por isto, muito ponderadamente, aceitei o seu convite para dirigir a campanha que promoverá no Distrito de Coimbra.

Com franqueza, não estou convencido de que o PS que perdeu as eleições a 5 de Junho possa precipitar um novo ciclo, em menos de um mês. Sim, voltaremos às vitórias e recuperaremos a confiança dos portugueses! Mas tudo levará o seu tempo. Não haja ilusões.

Acredito que o camarada Francisco Assis possui as qualidades intelectuais e políticas necessárias para relançar o debate de fôlego sobre o futuro da Esquerda Democrática e, bem assim, sobre a Participação Política, dentro e fora do PS, de que tanto precisamos.

Sou socialista, orgulho-me da História do PS e acredito no seu Futuro. Por isso apoio o camarada Francisco Assis. Mas, devo esclarecer, isso não faz de mim mais socialista que ninguém.

Os socialistas todos farão do próximo Congresso, certamente, um momento de afirmação dos valores da Esquerda Democrática.

Os socialistas de Coimbra, em especial, farão deste Congresso mais um grande momento de afirmação da nossa Federação, do Distrito e da Região.

23.5.11

Anjos e demónios


Quem quer fazer política em Portugal deve abdicar de falar português. Quando se é político tem que se falar uma outra língua: encriptada, reservada, ambígua, manipuladora, por vezes – um dialecto que Camões teria, decerto, a maior dificuldade em reconhecer. Ganha a política, ganharão os cidadãos, alguma coisa com isso? Creio que não. Mas essa é a condição primeira para que, na era das manchetes, dos twits, dos posts, se sobreviva ao juízo dos próprios cidadãos, mais ou menos mediado pela comunicação social. Ser claro sai caro e na maior parte dos casos, - veja-se a ironia – conduz à incompreensão.

Depois, queixam-se os cidadãos, queixam-se os comentadores, queixa-se uma parte dos partidos, do chamado empobrecimento do debate político ou da aparente indistinção dos discursos dos seus principais protagonistas. Pudera, quando criámos o caldo de cultura perfeito para que ninguém se sinta confortável a analisar o fundo das questões, procurando ser intelectualmente honesto e, enfim, dizer o que pensa. Só na reforma - temos vários exemplos disso – a maior parte dos políticos se dá ao luxo de o começar a fazer, sem reservas mentais, sem rodriguinhos, sem “se” “mas” “porém”.

A recente novela em torno das declarações de Ana Jorge, cabeça-de-lista do PS por Coimbra, a propósito do Metro Mondego, é disto um exemplo bastante impressivo. O essencial das suas declarações – a “prioridade é a conclusão das obras no Ramal da Lousã, para que num horizonte temporal de 2014 o troço Serpins (Lousã)-Parque (Coimbra) seja uma realidade” – passou logo para segundo plano quando referiu, por mero dever intelectual e sentido de responsabilidade, diferentes caminhos para um problema que, nas actuais circunstâncias, merece mais do que uma abordagem a preto e branco. Claro que a façanha lhe valeu, como era de prever, um verdadeiro chilique da oposição local, com grosserias à mistura, uma oposição que parece preferir narrar a política como se de um livro do Dan Brown, com anjos e demónios, se tratasse.

Sucede que para além da ficção, na crua realidade do país real, é preciso que se mantenham firmes aqueles que se recusam a fazer da política uma espécie de fado à desgarrada, onde vence quem se apresenta com a voz mais grossa e, por mais disparates que diga, consegue sempre a última palavra. É dessa massa – da dos que resistem à vulgaridade – que se fará a política do futuro. Se houver futuro.

17.5.11

Briosa


Os tempos que aí vêm prometem grandes mudanças. Na política e na economia, nos movimentos sociais, nos media. Não se sabe bem em que medida um país em agonia, sujeito à ajuda internacional, a sujeitar ele próprio milhares de pessoas ao desemprego e, pior ainda, à desesperança, poderá transformar-se e caminhar, num outro sentido. Mas o sentimento unânime é de que assim será. Não estou propriamente a falar das mudanças que poderão, ou não, estar a chegar, com as próximas eleições legislativas. Falo de mudanças profundas, de uma reflexão colectiva que mude a relação dos cidadãos com a sociedade, em todos os aspectos.

Neste particular, em Coimbra é costume dizer-se – e eu disse-o algumas vezes - que temos responsabilidades especiais. Porque somos melhores do que os outros? Não, certamente. Mas porque em várias coisas somos, fomos sempre, diferentes. E a diferença, fruto da irreverência, da rebeldia, da vontade de questionar todas as coisas, permitam a redundância, faz toda a diferença, Disso a Associação Académica de Coimbra é um exemplo particularmente expressivo. Na luta pela República e pela democracia, na defesa dos direitos humanos, na promoção da cultura, na semente de cidadania que lançou em gerações e gerações de jovens, na promoção do desporto. Sem que em nada disto se preocupasse em ser profissional, mais do que em ser verdadeiramente amadora. Amadora como quem ama tudo o que faz e lhe deposita paixão, mais do que calculismo e mercado.

Com altos e baixos, é certo, assim tem sido com a Associação Académica. Menos assim, devo dizer, no que respeita ao seu Organismo Autónomo de Futebol.

Porque a Académica não é só uma equipa de futebol. É uma representante da Academia de Coimbra no futebol profissional, como há dias me escrevia um amigo, sobressaltado com as eleições na Briosa, que estão para chegar. E assim, devendo transportar consigo a ambição de competir no relvado, não pode descartar a história e, sobretudo, o brio de quem representa uma casa de bons costumes, que deve procurar ser um exemplo, a todos os níveis.

Como também li numa entrevista recente do candidato à Direcção da Académica/OAF, António Maló de Abreu, falta Académica ao Organismo Autónomo de Futebol. Salvo melhor opinião, é esse mesmo o ponto. Isso, mais do que o barulho das luzes, há-de reconciliar Coimbra com a Briosa e, em certa medida, há de reconciliá-la consigo própria. Assim seja.

10.5.11

Ninhos, ovos e omeletas


Por estes dias lança-se um livro sobre empreendedorismo. Tem como autor o deputado social-democrata Pedro Saraiva, ex-Vice Reitor da Universidade de Coimbra. E leio na imprensa que o empreendedorismo é, de acordo com o autor, uma espécie de “antídoto para ultrapassar a crise económica”. Imagino que a obra vá além de eventuais recomendações sobre a posologia e o excipiente daquela estimável aspirina colectiva, até porque o autor tem capacidade e talento para mais do que isso. Mas ocorrem-me, desde já, alguns comentários sobre o tema.

Está na hora de deixarmos de achar que o empreendedorismo é uma coisa que se aprende nos livros. Toda a vida a capacidade de criar empresas, postos de trabalho e riqueza foi qualidade que dependeu de variáveis mais prosaicas, embora não menos respeitáveis. A necessidade, por vezes a fome e aquilo a que o povo sabiamente apelidou de “olho para o negócio” fizeram sempre mais pela economia do que qualquer tese sobre o assunto e, salvo melhor opinião, é assim que continuará a ser. Não há memória de que os pequenos e médios empresários deste país se tenham lançado no negócio inspirados por discursos sobre a “criação do próprio emprego” em toada épica ou à boleia de um daqueles livros para aprender a ganhar o primeiro milhão que encontramos nas livrarias, ao lado de cartazes com sujeitos envergando gravatas fuccia e em pose de Aladino do Nasdaq.

Criar e manter um negócio é, na maior parte dos casos, um caminho de sacrifício e superação, de tentativa e erro, de muitos fracassos e de algumas, por vezes escassas, glórias. É, por isso mesmo, um caminho que não é para todos. E não há discurso nenhum, livro nenhum, exemplo nenhum, capazes de mudar isso. Criaremos, talvez, mais empresas. Mas isso não será equivalente a criarmos mais empresários. A maior parte das empresas a la carte acabará por se extinguir à primeira contrariedade e o país não ganhará nada com isso. No limite, passar a mensagem de que todos podemos ser empresários – acordando o “jovem empreendedor” que há dentro de nós – provocará tanta ou mais frustração e pobreza como aquela que resulta do mero desemprego.

Dir-me-ão: há vários exemplos, designadamente nas Universidades e, em especial na Universidade de Coimbra, de como é possível fomentar o empreendedorismo, casá-lo com o saber académico e criar novas empresas que são um sucesso. Sim, é verdade. Mas será um bom começo se começarmos por interiorizar que essas iniciativas, sendo bons (e indispensáveis!) ninhos, dificilmente chegarão a ser ovos. E é com ovos que se fazem omeletas.

3.5.11

Verdade e consequência

Há um tempo atrás, neste mesmo espaço, pronunciei-me sobre a saída da professora Helena Freitas da liderança da bancada municipal do PS em Coimbra. Fi-lo, sobretudo, por duas razões. Porque importava valorizar e reconhecer o trabalho que vinha desenvolvendo, em representação do Partido Socialista e na defesa dos superiores interesses de Coimbra; e porque me pareceu relevante, à data, sublinhar a necessidade de ponderar, devidamente, a sua substituição no lugar. Um partido como o PS não deve contentar-se com menos do que os melhores para, em seu nome, o representarem e transportarem a sua palavra, junto dos eleitores. Não estou arrependido de o ter feito.

Hoje, certamente sem que nenhuma relevância tenha tido o que escrevi naquela altura, observo que ao lugar anteriormente ocupado pela professora Helena Freitas chega, agora, o meu camarada Luis Marinho. Ponderadamente – e bem – o PS soube resistir à tentação de optar, naquela sede, em nome de quaisquer interesses que não fossem o de se ver bem representado e de se prestigiar, assim, junto da opinião pública. É falacioso, para dizer melhor, é errado e perverso, que se diga que todos os deputados municipais poderiam representar, igualmente, o colectivo. A cada um de acordo com as suas necessidades, a cada um de acordo com as suas capacidades, creio ser uma boa filosofia.

Agora, para que o ciclo virtuoso se mantenha e renove, bastará apenas que o eleito saiba – como decerto saberá – honrar os seus pares e defender com a inteligência, brilho e desassombro que lhe são reconhecidos, os interesses de Coimbra e as bandeiras do PS, em homenagem à democracia que a Assembleia Municipal, enquanto órgão autárquico de superior relevância, deverá reclamar, a cada momento.

Haverá, certamente, quem estranhe estas minhas palavras, por não as considerar, talvez, consentâneas com as divergências políticas que, na vida interna do PS e em certos momentos, mantive com o agora líder da bancada municipal do PS em Coimbra. A esses quero adiantar que me preocupa ser consentâneo, sobretudo, com aquilo em que acredito. E que me importa ser coerente, retirando consequências, de tudo o que vou escrevendo.

Acho que o país e a cidade de Coimbra estão demasiado cansados de quem não consegue ver para além de pequenas - tantas vezes mesquinhas - querelas partidárias. Fartos, talvez, de quem só consiga observar a realidade quando filtrada pelas suas particulares contingências e singulares aspirações.

26.4.11

Representar Coimbra

Não sou dos que acreditam em governos de salvação nacional. Essa ideia, nos seus termos redutora, mas apresentada com a simplicidade das coisas geniais, não me desperta o menor entusiasmo.

O humorista Bruno Nogueira dizia há dias, e bem, mais ou menos isto: um governo de salvação nacional seria equivalente a juntar os vírus da papeira e da varicela para, com eles, produzir um antídoto contra todas as doenças infantis. Esta imagem, devo dizer, mesmo que apresentada com a displicência a que só têm direito alguns privilegiados de entre nós, faz muito sentido. Há quem pretenda salvar o país, simplesmente, colocando o PS e o PSD a governar juntos. Eu prefiro que ambos os partidos se entendam quanto a algumas questões essenciais; que desempenhem o seu papel com elevado sentido de interesse nacional; que não se percam em discussões laterais; que não se deixem aprisionar pela mera estratégia político-partidária, sim, mas que governem, qualquer deles, apenas em função dos resultados que conseguirem obter nas próximas eleições. No fundo, a salvação nacional como o simples somatório dos dois maiores partidos políticos, é uma ideia muito equivalente à da suspensão da democracia por seis meses, para resolver os problemas de Portugal. Recordam-se? Eu recordo-me, sei bem o que significa e não gosto sequer de pensar no assunto.

Posto isto, repito que há compromissos necessários entre o PS e o PSD (entre todos os partidos) e, voltando-me para Coimbra, agora que estão fechadas e entregues as respectivas listas de deputados, pretendo reforçar especialmente essa ideia. O meu ponto é este: se não me passaria pela cabeça que os problemas de Coimbra se pudesem resolver com uma coligação PS/PSD na Praça 8 de Maio, já me parece evidente que uma acção concertada entre os deputados eleitos pelo Distrito, em S. Bento, poderá beneficiar – e muito – o seu desenvolvimento e, a caminho disso, a respectiva centralidade na Região Centro.

Observando o actual rol de candidatos por Coimbra, e em todo o espectro partidário, encontramos, apesar de tudo, sinais de novidade, independência, qualificação e respeitabilidade. Creio que essas características – por oposição às pequenas habilidades individuais, prerrogativas históricas e fidelidades partidárias mais usuais – serão já um bom ponto de partida para o entendimento, sereno, entre aqueles que vão ter a responsabilidade de, nos próximos quatro anos, representar Coimbra.

Aguardemos, pois, para perceber se saberão estar à altura de semelhante responsabilidade.