11.8.10

A uma só voz


Virgílio Caseiro deixou de ser maestro e director artístico da Orquestra Clássica do Centro. O sucedido, que já corria à boca pequena, ainda pode reverter-se, segundo o próprio, “se as forças vivas políticas da cidade conseguirem estabelecer uma relação de diálogo preferencial com o governo central e, muito concretamente com o Ministério da Cultura, que tenha como episódio final o reconhecimento da OCC como orquestra regional ou de equivalente estatuto e apoio.” Eis o que está em causa, portanto – a falta de apoio do Governo ao projecto.

Com esta mensagem, ficam “as forças vivas” convocadas para o objectivo proposto pelo maestro. E ficam convocados, em especial, o PS e o PSD (sejamos claros!) para reclamar junto do Governo o apoio e a consideração que a Orquestra Clássica do Centro há muito merece. Tarefa que não é menos do PSD – que comanda a autarquia – do que do PS, que sustenta o Governo. Este é, claramente, um daqueles casos em que a guerrilha partidária deve convolar-se numa só voz, sem cinismos, sem reserva mental, em defesa de Coimbra.

Ao PS, neste caso como em tantos outros, cabe articular entre a Orquestra e o Governo uma modalidade de apoio que faça justiça a dez anos de trabalho artístico e pedagógico, qualificado e ininterrupto. E é exigível que o faça institucionalmente, ao mais alto nível, com seriedade, sem intermediários, sentado numa mesa de reuniões, estabelecendo objectivos e prazos, à margem de cochichos e conversas de corredor.

Ao PSD, se puder e souber, cabe desmontar uma ideia que, pouco a pouco, se foi instalando na cidade: a de que a câmara de Coimbra agradece, abençoa e alimenta todos os conflitos entre o Governo e as instituições da cidade, explorando-os em seu proveito, num exercício da mais rudimentar politiquice. O dr. Encarnação que se disponha a dançar o tango, senão com o eng. Sócrates, ao menos com a ministra da Cultura. Não lhe ficaria mal o exercício e, por uma vez, mostraria disponibilidade para colocar os interesses de Coimbra acima dos seus interesses e do seu partido.

Não sou daqueles que acham que Coimbra merece loas do Governo, por ponderação curricular. Antes creio que o caso da Orquestra Clássica do Centro é um daqueles em que uma justa avaliação de desempenho corre, nitidamente, a seu favor.