9.3.11

Desafios

Helena Freitas despediu-se da Assembleia Municipal de Coimbra. Aquela que foi a cabeça de lista pelo Partido Socialista à presidência daquele órgão assume agora as funções de vice-reitora da Universidade de Coimbra e ajuizou – bem, a meu ver – que o bom exercício das duas funções seria incompatível. Helena Freitas compreende que o seu dever ético para com a Universidade e para com os Munícipes não se basta com o mero cumprimento da lei. Assim, embora não constitua incompatibilidade alguma o exercício simultâneo das duas funções, preferiu arredar-se da Assembleia, para melhor interpretar e representar os interesses da Universidade. Perde-se uma excelente líder de bancada, mas o futuro promete uma extraordinária vice-reitora.

Passando os olhos pelo que foi o mandato de Helena Freitas na Assembleia Municipal, o seu mérito mede-se melhor pela impressão que deixa aos munícipes em geral, do que por uma qualquer aritmética ligada ao número de intervenções que fez ou mesmo às votações que conseguiu obter. Fica na retina dos conimbricenses uma activista política qualificada, comprometida com Coimbra e com as causas sociais em que acredita; uma protagonista desassombrada, que não deve obediência a directórios partidários, mais do que aos cidadãos e à sua própria consciência; uma profissional reconhecida que, expondo-se à política e aos partidos políticos, no momento actual, prestigia ambos, mais do que se prestigia a si própria.

Ora, devo dizer que, nestas circunstâncias, a saída de Helena Freitas da Assembleia Municipal de Coimbra impõe dois extraordinários desafios ao Partido Socialista. Um, o de garantir que o seu afastamento momentâneo não afasta, num futuro próximo, a sua disponibilidade para, ao lado dos socialistas, reconquistar a Câmara de Coimbra. Dois, o de entregar a liderança da bancada a quem saiba transportar, convenientemente, o legado que a professora nos deixa. Concretizar o primeiro depende, sobretudo, da disponibilidade da própria, bem sei. Já quanto ao segundo, não há margem, nem desculpa, para decisões precipitadas ou, mesmo, para escolhas ingénuas.