4.8.09

PS procura Coimbra para relacionamento sério



O dr. Encarnação é um homem romântico. Não precisava sequer de se nos dirigir com amor, como faz nos seus outdoors de campanha, para que o pudéssemos reconhecer. O ainda presidente da câmara de Coimbra não é apenas o sujeito que se nos arreganha por tudo quanto é rotunda da cidade. Vai para 8 anos que nos comove, é justo dizê-lo.

Porque todo o mandato do dr. Encarnação foi cumprido, sublinhe-se, sob o signo do romance.

Foi primeiro o romance com a Académica e com a TBZ. Diga-se, aliás, um caso de resistência singular, atendendo a que, pelo menos aparentemente, não se tratava de uma relação amorosa convencional. E lá porque se quebrou com espavento, não é justo obnubilar a relativa longevidade deste triângulo amoroso. Como é obrigatório dizer-se que, pelo menos durante algum tempo, todos saíram a ganhar. Todos os três, entenda-se.

A propósito, e também a crédito do romantismo do senhor presidente, recorde-se o longo passeio pelos Jardins do Mondego que o dr. Encarnação nos proporcionou. Arriscando o palpite sem estatísticas no bolso, creio que se falou mais dos Jardins do Mondego, nos últimos cinco anos, do que do Botânico e da Sereia, em conjunto, nos últimos dez. Se não contarmos com a Torre da Universidade, nunca de um oitavo andar se tinha visto tanto e tão bem sobre a nossa encantadora cidade.

Como as grandes paixões da história, também esta que floresceu nos Jardins do Mondego terminou, demolidora. Mas creio que nem por isso o seu fogo deixará crepitar no coração do povo.

Os amores do dr. Encarnação, onde cabem a Académica, a TBZ e os Jardins do Mondego; como cabem, ainda, o engenheiro Pina Prata, o também engenheiro José Eduardo Simões, ou mesmo os drs. Nuno Freitas e Teresa Violante, dizem muito do coração grande que ele é. Grande mas adolescente. Irresponsável e perdulário. De nenúfar em nenúfar, tudo o que o dr. Encarnação vem fazendo por Coimbra é sujeitá-la às inconstâncias românticas - frequentemente, aos disparates - de quem não sabe o que quer.

Coimbra é hoje um jovem senhora, amarfanhada pelas investidas de um Casanova juvenil. Precisa, como nunca, de quem lhe prometa um amor perene; um amor com futuro. Que lhe beije os filhos e que lhe cuide dos netos. “Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença”, como nos filmes de amor à antiga. E o PS, que se apresenta com um candidato invulgarmente preparado e amadurecido, parece que, finalmente, procura Coimbra para um relacionamento sério.

(Nota do autor: a parte final do artigo lê-se melhor com Bossa Nova ao fundo)