Verdade que não subscrevi, nem subscrevo, algumas posições de Manuel Alegre. Mas não posso deixar de assinalar o esforço que tem empreendido em nome da convergência das esquerdas, naquilo que é o essencial. E creio que esse será, mesmo, o seu legado mais significativo.
Na edição de hoje do "Público", assinalando uma edição especial da ops!, pode ler-se:
Num texto intitulado “Abertura e Inovação”, o ex-deputado socialista volta ao essencial da sua mensagem na noite eleitoral, em que recomendou ao PS que no Parlamento procure preferencialmente compromissos à esquerda.
Lembrando que “quem vota nos diferentes partidos da esquerda não quer ser governado à direita”, para Alegre “custa a crer que não seja possível um mínimo denominador comum”, pelo menos nas políticas públicas, no papel do Estado, na escola pública, no Código Laboral, e nos direitos sociais, nomeadamente no Serviço Nacional de Saúde. “Não se pede a ninguém que abdique. Pede-se apenas a cada uma das esquerdas que seja capaz de ouvir as outras.”
A revista, aliás, pretende isso mesmo: “Contrariar o tabu da incomunicabilidade das esquerdas e estabelecer pontes para um diálogo sem agendas escondidas”, elogia Alegre. Lembrando o declínio do socialismo democrático europeu de países de peso como a Alemanha, França e Inglaterra, que “não se tem mostrado capaz de dar uma resposta inovadora e convincente às causas da crise”, Alegre cita o jornalista, historiador e antigo sindicalista francês Jacques Julliard para explicar o avanço da direita. O socialismo deixou-se “colonizar pelo neo-liberalismo” e, ao mesmo tempo, as outras esquerdas continuam “a recusar a economia de mercado e permanecem barricadas no socialismo cro-magnon”
Mais sobre o assunto, aqui.
E, com a vénia devida aos Professores Elísio Estanque e Rui Namorado, também aqui e aqui.
No meio do ruído das coisas.
Há um ano