O dr. Encarnação resolveu proibir o jornalismo nas sessões de Câmara. Parece que tinha dificuldades de “ponderação” na presença da comunicação social e, vai daí, correu com ela das reuniões. A mensagem não é grande de coisa? Mata-se o mensageiro. Está visto que a versão 3.0 do dr. Encarnação não é mesmo para brincadeiras.
Vejamos, daqui por diante, como se comportará na presença de jornalistas e fotógrafos, por essas festas e arraiais que, mandato afora, tratará de abençoar. Vejamos, pois, como se comportará o senhor presidente, das próximas vezes que se lhe chegar essa gente retorcida que dá pelo nome de comunicação social Em coerência, não mais o dr. Encarnação se deixará fotografar com criancinhas ao colo ou a dançar o vira do Mondego. Deixar-se-á das encenações a que tanto nos habituou. Manter-se-á ponderado, agora, o sr. presidente. Ponderado, porque longe do olhar indiscreto dos srs. jornalistas. Um olhar, sabe-se, sempre pronto a confundir a Susan Boyle com a Tieta do Agreste.
De uma ou de outra forma, o que já percebemos é que, muito injustamente, seremos privados dos altíssimos momentos de política que os jornais da caserna vinham dando à estampa, quando ainda lhes estavam franqueadas as portas, pelo dr. Encarnação. A cidade não se recomporá tão cedo e, decerto, correrão lágrimas de saudade, pela ausência de tantas e tão estimulantes ideias que têm passado pela Praça 8 de Maio. A menos que, como alguém dizia, o dr. Encarnação trate de apontar, na sua direcção, umas das câmaras de vídeo com que pretende vigiar essa actividade de extraordinário interesse público que são os nossos passeios pela Baixa de Coimbra.
Sem querer cair na tentação de moralizar, mas já tropeçando nela, creio que raramente os políticos se distinguem verdadeiramente de algumas estrelas da música popular. Ambos confundem a imprensa com a assessoria de imprensa. Sendo que – com a excepção de alguns autarcas em terceiro mandato – têm vergonha de o assumir.
No meio do ruído das coisas.
Há um ano