De entre as eméritas tradições coimbrãs, o amor próprio não é, infelizmente, a que mais se tem destacado. Pelo menos nos últimos anos. Mas acredito que sublinhar este tipo de iniciativas é um passo sensível para que a cidade se comece a dar, verdadeiramente, ao respeito. E para que se respeitem, já agora, os que - como os investigadores do projecto VEIL - são, propriamente, protagonistas da cidade. Correndo o risco de ruborescer algumas luminárias, não creio que o nosso “star system” deva continuar cingido a meia dúzia de “figuras”. À mesma meia dúzia de “repetentes figuras”.
Mas isto de a cidade se dar ao respeito tem muito que se lhe diga.
Ao invés de puxar por Coimbra, de a impor pelo seu mérito, há uma caudalosa corrente que prefere dirigir-se a nós, e ao país, num pranto melífluo. É a caudalosa, e sufocante, corrente que atribui à maldade humana todas as adversidades coimbrãs e pressupõe, assim, uma inelutável condenação da cidade. Falando com clareza, talvez fosse melhor que, em cada ociosa aventura por esses caminhos, o dr. Encarnação contasse de cinquenta em reverso e, muito provectamente, como é seu timbre, revertesse o guião. Era francamente melhor que nos proclamasse nas vitórias. E que deixasse, rapidamente, de nos embaraçar nas derrotas. Sendo mais claro ainda, Coimbra precisa de quem lhe resolva os problemas, não de quem, lamuriosamente, lhos enuncie.
De outro modo, Coimbra continuará a ser uma cidade Calimero. Uma cidade triste e cinzenta, de braços caídos, ante a injustiça e os infortúnios do mundo.
Hoje, no JN.