23.12.09

Um aperitivo do futuro


A vida não se determina pelo que planeamos. O planeamento faz falta, claro, para organizar o dia-a-dia, para alimentar a ilusão de que somos donos dos nossos passos, para dar sentido, o sentido possível, aos dias que desfiamos com temor. Mas não é o que planeamos que, verdadeiramente, determina o curso da história.

A surpresa, o imprevisto, o sobressalto, eis o que faz a diferença. Toda a diferença. Eis o que transforma os nossos dias e o que transporta, afinal, a esperança, quando, como é habitual, se esgotam as agendas, os gráficos e as folhas de cálculo. E quando, apesar disso, a mudança que ansiamos, tarda em chegar.

Mas a surpresa, o imprevisto, o sobressalto, não são, necessariamente, fruto do acaso. São o fruto, muitas vezes, da vontade dos homens.

Surpreendemo-nos, verdadeiramente, quando se furam as regras. Essas regras que temos para tudo, as regras com que levamos a vida “direitinha”, que nos fazem supremamente infelizes, mas que, na maior parte dos casos, não questionamos. É assim o que sempre foi assim e, mal por mal, antes um mal que esperamos do que um que chegue sem avisar. Bem entendo. Mas a verdade é que o progresso veio, quase sempre, quando alguém se lembrou de dar um passo em frente, questionou as regras, baralhou o jogo, confundiu a “situação”.

Ora, decidi candidatar-me a presidente da concelhia de Coimbra do PS, precisamente na convicção de que um passo em frente pode fazer a diferença.

Percebi, nos últimos tempos, que os socialistas de Coimbra não esperavam grande coisa das próximas eleições internas. Que estavam resignados ao que seria a fatídica “ordem natural da coisas”. E achei que devia estimular uma abordagem diferente.

Repetir os confrontos do passado e caucionar a vitória de quem, de entre os respectivos protagonistas, seja, porventura, o mais resistente, não augura grande coisa. A vitória nas próximas eleições para a Concelhia, num Partido que pretenda dar futuro a Coimbra, deve ser a vitória da esperança, não a vitória pelo cansaço.

E o certo é que, de repente, se sobressaltou mesmo o PS em Coimbra. O que parecia ser uma eleição sem história, promete ser, afinal, uma eleição histórica. E, garanto, nada paga a satisfação, o entusiasmo, o sorriso, a vontade, a determinação, a esperança dos que estão a viver esta aventura comigo.

Hoje, sabemos que as próximas eleições na concelhia do PS Coimbra não serão um digestivo do passado. Antes pelo contrário: serão um aperitivo do futuro.