Coimbra parece rendida aos sortilégios do Plano Tecnológico, encantada com as salvíficas intenções de converter o seu tecido económico (?) num "centro de excelência" da "economia do conhecimento": i-Parque, incubadoras, investigação, tecnologia de ponta, blá, blá, blá.
Tudo isto, sendo tardio, é importante, concedo.
Apenas, se no passado a "famigerada indústria" era sinónimo de desordenamento, poluição, "desqualificação" e "desconsideração" de muitos recursos humanos, hoje, a indústria, toda ela, está sujeita a Directivas Comunitárias e a complexos normativos nacionais que fazem o caso mudar muito de figura.
Por isso, venha a economia do conhecimento, mas venha também a indústria, globalmente considerada, desde que balizada por normas ambientais, de ordenamento, de decência socio-laboral.
Nesta perspectiva, venham as "unidades de produção" de componentes electrónicos, de recursos biotecnológicos. Mas venham também, se for caso disso, fábricas de tijolos ou resgate-se a cerâmica. Produza-se riqueza, dê-se emprego às pessoas, encoraje-se a iniciativa, toda ela. Não apenas a que se "compromete" com a Universidade.
Será que Coimbra, tantos anos depois, e no estado a que chegámos, se pode dar ao luxo de pensar de outra forma?