O eng. Pina Prata apresentou, enfim, a sua candidatura independente à Câmara Municipal de Coimbra. Fê-lo “à moderna”, com vídeos na internet e disparando, entusiasticamente, sobre as “instituições” da cidade. A emérita Universidade de Coimbra, as sua “veneráveis elites”, os Hospitais “para os amigos”, as “nódoas” de uns e outros, ninguém escapa ileso às primeiras estocadas do ex-vice presidente do dr. Encarnação.
Muitos dirão que é excessivo, irresponsável, infundado, o tom que o agora candidato utilizou no seu debute de campanha. Eu, por mim, acho que de entre os defeitos do eng. Pina Prata não se destaca a falta de esperteza, pelo que, passado o primeiro embate – e as reacções virginais que, decerto, não tardam – este argumentário de prata fará, naturalmente o seu caminho.
Claramente, o eng. Pina Prata não fala para a Coimbra instalada, para o “povo” que se move na órbita das “instituições” da cidade. Menos ainda para as distintas personalidades que são, elas próprias, “instituições”. Esses são os que, jamais, subscreverão algumas “independências”. É para os outros, para os que estão fartos de uma cidade quadrada, que o eng. Pina Prata dirige os seus argumentos.
Mesmo com a cabeça enterrada na areia, qualquer avestruz medianamente provida percebe que, independentemente do estilo, o discurso do candidato fará eco em boa parte da cidade. E que não é clara a proporção entre os poucos que se acomodam no Olimpo Coimbrão e os inúmeros proscritos desta cidade de oportunidades perdidas, “resignada” e aparentemente condenada a uma “maldição surda”.
Resta, pois, saber, se os partidos políticos serão capazes de abrir os olhos para o problema, ou se pretendem reservar este tipo de “independências” para o eng. Pina Prata.
Por mim, não vejo razão para que não sejam os partidos políticos – e o PS, em especial – a interpretar devidamente o sobressalto de que a cidade precisa. O sobressalto de que precisamos todos. Ou quase todos.