Apreciei a visita do dr. Portas, o Paulo, à fábrica de cerâmica Ceres, no âmbito da campanha que, com grande probabilidade, conduzirá o seu partido a não sentar ninguém no Parlamento Europeu. Será um desfecho injusto, ante a comoção, ela própria comovente, do dr. Portas, o Paulo, sempre que as desgraças populares lhe batem à porta. Mas sabemos todos que a justiça rareia no mundo e, mesmo que não soubéssemos, o dr. Portas, o Paulo entenda-se, logo trataria de nos avisar, lacrimejante. Ele que, como também se sabe, tem à sua guarda parte, não desprezível, das virtudes do mundo.
Mas o dr. Portas, saberão já que é ao Paulo que me refiro, revelou ainda, na sua visita à fábrica de cerâmica Ceres, notáveis conhecimentos sobre o processo que se desenrolou, desde o fecho da fábrica, em 2006, à sua reabertura, já no ano de 2009. O que só acrescenta, diga-se com euforia, às suas qualidades terrenas, já que a elas se vêm juntar, agora, habilidades divinas que, decerto, não deixarão de encorajar romarias futuras à improvável, mas agora revelada, localidade de Fornos – Torre de Vilela.
É que este que modestamente vos escreve esteve em todas, repito, todas as reuniões – e decisões – que desde 2006 até 2009 ditaram, finalmente, a reabertura da Ceres. E não teve, em nenhum desses momentos, ao longo de mais de três anos, o privilégio de se cruzar com o dr. Portas, o Paulo, o das Feiras, o da Lavoura, o agora, bem-vindo seja, Padroeiro do Mosaico. Nem com o dr. Encarnação, diga-se, de passagem.
Porém e ao contrário de espíritos mais sensatos, o dr. Portas não se coibiu de palpitar, com a glória que se lhe conhece, sobre os apoios que o Governo “não deu” à Ceres. O que, dizendo o mínimo, é um exercício paranormal.
Fique, pois, sabendo que foi em nome do esconjurado Governo que tomei parte naquelas decisões. E que posso provar o apoio que os Ministérios da Economia, Finanças e Segurança Social deram àquela empresa. A par com o Sindicato, é bom que se diga, cuja integridade e coragem, ao longo do processo, devem ficar ressalvados.
Antes de insistir em fazer embarcar o dr. Nuno Melo para Bruxelas às cavalitas dos trabalhadores da Ceres, sugiro ao dr. Portas, o Paulo, que se informe bem sobre o processo. Deixo-lhe até, caridosamente, a minha disponibilidade para um par de memorandos. Pelo que lemos, o calor dos fornos tolda a memória de algumas gentes.