28.7.09

Relativamente felizes



Não é verdade que haja insegurança em Coimbra. Ou melhor, não haverá em Coimbra menos insegurança do que no mundo, em geral, que como se sabe, não está para brincadeiras. Os números estão lá para quem quiser ver e, lamento desiludir, também neste item, Coimbra não se assemelha a uma grande cidade.

Para os teóricos destas questões, a insegurança está associada a um certo desregramento no crescimento das cidades, do seu tecido económico-social. Ora, como Coimbra não cresce grande coisa, vai para uns anos valentes, nem o tal tecido chega para muito mais do que um cai-cai, não há, em Coimbra dores - pelo menos, não de crescimento - a assinalar.

Pelos entremeios, claro que há assaltos e episódios de violência em Coimbra. Circunscritos e perfeitamente identificados. Que as vítimas têm o direito de valorizar e que, claro, a comunicação social não deixará de noticiar, quando não de amplificar.

É mesmo assim. Não se passando nada de jeito em Coimbra, para além da habitual grosseria político-partidária e das saídas delicodoces do dr. Encarnação; não havendo um projecto de cidade para discutir ou investimentos para anunciar; não se vislumbrando a criação de novos empregos ou a realização de iniciativas culturais relevantes - vocês sabem do que eu estou a falar - a comunicação social volta-se para o que pode. E o crime, pelo menos algum crime, faz sempre uma manchete graúda.

Às notícias sobre insegurança na baixa, o dr. Encarnação deveria responder, por exemplo, colocando a sua polícia municipal a fazer vigilância, em vez de nos ir à carteira e de nos rebocar, sofregamente, os automóveis. Prefere, no entanto, para além de forçar os agentes municipais a comportarem-se como “cobradores do fraque”, fingir que lhes desconhece as competências e retomar, compulsivamente, a sua ladainha.

Vai dizendo que nos ama e que odeia o Governo que, por sua vez - assegura - nos odeia a nós que, na sua opinião, devemos amá-lo e respeitá-lo a ele, Carlos, alindá-lo com uma flor de laranjeira e levá-lo ao altar. Casados à força, uma vez mais - não creio que por amor - seremos relativamente felizes para sempre. Ou até um dia.